AVES SOZINHAS

 AVES  SOZINHAS

Voam discretamente as aves sozinhas

Cortando as dimensões sagradas

Voando  à  grandes alturas

Não sentem em si a menor solidão

Porque o espaço vazio lhe pertence

Ah! Eu como pássaro, o que faria?

Velaria  esse  espaço  em sofreguidão

Maldizendo a sorte de ser sozinho

 Ou    desbravaria os universos intocados?

Sinto-me às vezes esse pássaro

Que se isola e de si se distancia

Como ave,  sou livre

Como gente, também

Como espírito, abro as minhas asas eternas

e  vôo um vôo livre, um encantado vôo

Sentindo o perfume das flores

O valor do verde das matas

E o sabor que tem o meu trigo

E sigo voando completamente só

Completamente livre

É assim que sou,  pássaro único

Pássaro livre e  feliz

Voando os ares desse incomensurável universo

A procura de mim e do outro

Em liberdade voo  

Porque a solidão me dar novos anseios

De estar comigo e com muitos outros

Em comunicação de amor

Como ser único e imortal

Criado para a liberdade e para a felicidade

 

Salve os ares dos universos vazios!

Mas preenchido de harmonia e de energia cósmica

Salve a nossa individualidade

Que vibra ao som da eternidade da vida

Em  amor total e liberdade sincera...

                      Cazuza

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