A RESPEITO DE SEU FILHO

A RESPEITO DE SEU FILHO

 

Seu filho é abençoado aprendiz da vida. Não lhe dificulte a colheita das lições

fazendo-lhe  as tarefas.

Seu filho é flor em botão nos verdes ramos da existência. Não lhe precipite o desabrochar, estiolando-lhe a vitalidade espontânea.

Seu filho é discípulo da existência. Não lhe cercei  a produtividade tomando sobre os seus ombros os misteres que lhe competem.

Seu filho é lâmpada em crescimento de  luz. Não lhe coloque o óleo viscoso da bajulação para que não afogue o pavio onde crepita a chama da esperança.

Seu filho é fruto em formação para o futuro. Não procure colher antes do tempo,

o beneficio que lhe não pertence.

Lembre-se, mãe devotada que você é, que o seu filho é também filho de Deus. Você poderá caminhar ao seu lado na estrada apertada, mas ele terá honra quando conseguir chegar ao objetivo conduzido pelos próprios pés. Você tem o dever de lhe apontar os abismos à frente; mas a ele compete contornar os obstáculos e descer às baixadas da existência para testar a fortaleza do próprio caráter.

Você deve ministrar-lhe o pábulo Evangelho; mas a ele compete o murmúrio das orações, na prece continuada das ações nobres. Seu filho é o discípulo amado que Deus após o alcance do coração enternecido. No entanto, a sua tarefa não pode ir além daquele em que o pai propícia a todos ensinando ao tempo, corrigindo na luta, e educando através da

 disciplina para a felicidade.

Mostre-lhe a vida, mas deixe-o viver.

Fale-lhe das trevas, mas dê-lhe a luz do conhecimento. Mande-o a escola, mas faça-se

de mestre dele no lar.

Apresente-lhe o mundo, mas deixe-o construir o próprio mundo. Tome-lhe as mãos e ponha-as no trabalho, ensinando com o seu exemplo, mas não lhe desenvolva a inutilidade, realizando as tarefas que lhe competem. Seu filho é vida da sua vida que vai viver na vida da humanidade inteira.

Cumpra o seu dever amando-o, mas exercite o seu amor ensinando-o a amar e fazendo que no serviço superior ele se faça um homem para que o possa bendizer, mais tarde.

Ame seu filho, o filho de todas as mães e ame nos filhos das outras o seu próprio filho, para que ele, honrado pelo amor de outras mães possa enobrecer o mundo, amando outros filhos.

Seu filho é semente divina; não lhe negue, por falso carinho, a cova escura da fertilidade, pretextando devotamento, porque somente quem não morre  jamais será fonte de vida.

Mãe! Seu filho é a esperança do mundo; não o asfixie no egoísmo dos seus anelos, esquecendo-se de que você veio a terra sem ele e retornará igualmente a sós, entregando-o a Deus consoante as leis sábias e justas da Criação.

Amélia Rodrigues / Divaldo Franco

Livro: Crestomatia da Imortalidade