A força da poesia em mim
Ser poeta é ser cantor. Ser poeta é ser ator
Ser poeta é fazer homenagens à vida
Com versos que saem
de um coração arraigado a poesia
Quem é poeta, cobre o belo de bênçãos
Faz jardinagem com os acordes que a alma sente e vê
A força da poesia é algo arrasador
Que flui derretendo em lágrimas
Em palavras a sua verdade
Se como poeta eu fosse escritor
Se como escritor eu fosse poeta
Aliaria a poesia literária aos fatos corriqueiros
O poeta não cansa de distribuir nas linhas
O pensamento inspirador de cada momento
Seja o contemplar do gotejo de pingos d’água
Ou se deliciar diante de uma cachoeira em altas quedas
Ser poeta ou compositor é dar significado
A natureza que se espelha por onde se passa
Seja ao ver uma rosa murcha,
Ou outra que desabrocha
Vivaz beirando uma estrada
O poeta sonha escrevendo, desata nós
Versando a sua cantiga
Como é bom me deliciar com a poesia de hoje
Mas é bom lembrar também daquela que fiz no passado
Enquanto apaixonado poeta dos escravos
Cantava a negritude, cantava o seu suor, as injustiças
Mas esta foi uma etapa que o vento levou
Há gravado em mim a veia dos poemas que fiz
Mas há em mim outra cantiga, ou outro fazer
Porque os poetas do além túmulo
Não mais se preocupam em alinhar rimas
Hoje o poeta é essência viva
A falar da dimensão que habita
Mas continua poeta em estilo bem mais refinado
Pois aprendeu o verdadeiro teorema da vida
E volta em cores muito além do seu antigo estilo
Compõe e não é mais um boêmio, ou um alcoólico
Ou um pintor das tintas materiais
Mas um pintor que tinge as telas com suas páginas poéticas
Independente da escola a que pertenceu
Poeta meu amigo, é poeta em qualquer dimensão
Porque ver a vida em luzes, em cores realçadas
Que ele transpõe para as telas grifadas
Os tons melodiosos que fluem
Do seu espírito liberto da vida física
E o que pleiteia?
Ensinar um pouco do que já aprendeu
Nas faculdades existentes no extra terra
A força da poesia impera em meu ser
Porque uma vez ser poeta, poeta sempre será
Quem desejar duvidar, que o faça
Entretanto, aqueles a quem conheceram
Em fileira de tantos
Pela literatura brasileira ou de outro país
Continuam poetas, fazendo as suas odes
Com temáticas em favor da vida verdadeira
Traduzindo e ensinando os olores de onde vivem
Muito além do critério literário
Que os estudantes ou formados possam pensar
Hoje sou o poeta da consciência, da beleza, do esclarecimento
Sou um portador da poesia não da terra
Sem os requintes das paixões rasteiras
Mas das blandícias do reino das informações cristicas
Em regozijo de fé, onde estamos, somos chamados
A cantar a imortalidade da alma...
Prossigo defendendo as classes menos favorecidas
Especialmente aquelas a quem tanto conheço
Que vivem espalhadas em cada recanto
Do meu amado Brasil brasileiro
Se preciso for, cantarei novamente
os navios negreiros e seus antigos ocupantes
Canto em elegia preferindo espalhar a luz do Deus
Que conheci após os sofrimentos que encarei
Por isso, sou poeta trovador
Sou um cancioneiro da vida e de Deus
Se ele me autoriza a cantar como cantei até aqui pelas vias
De um canal da terra vou continuar a trazer o meu canto trinado
Em alegria, em partituras renovadas
Porque a força da poesia mora em mim
E ela é um dom que recebi pelas vias das vidas sucessivas
Vou ser sempre poeta, não mais dos escravos
Mais dos assuntos relativos ao ser que jamais perecerá
Porque a bondade de Deus que é a maior que conheço
Vai está em mim e para mim e com ela versarei
Até o dia em que tiver que voltar a terra
Para novamente cantar a beleza da vida
Como poeta, como redator das letras e dos versos vivos
Que escolher para cantar e assoviar
Com a realidade que o meu ser grifar
Como ser agraciado pela bondade do poeta cósmico: Deus
A realeza de toda a natureza, de todas as vidas!
Castro Alves
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