Estragos na alma - Castro Alves

 Estragos na alma - Castro Alves

 

Ó alma singela, a que viestes na terra

Sorrateiramente inclinada a ser melhor!

Ó alma bendita te envolvestes com o que não devias

Estragastes o teu melhor  tempo

O mesmo que pedistes ao teu pai universal

Para ressarcir as tuas infelizes andanças

Ó alma,  hoje encontra-te presa a ti

Com os presságios do inconformismo

Batestes na porta escura dos vícios

Que fizestes do belo corpo que recebestes?

Que fizestes dos sonhos que te acalentaram?

Antes de renascer no chão do aprendizado sagrado?

Ó alma bendita, choras agora a tua desdita

Sentindo a perda dos teus ideais

Mas teus pais ainda se sentem impotentes

Diante do quadro criado por  ti

Agora não tens mais o abençoado vaso

Que te abrigou por apenas dezessete anos

Estais em outra realidade da vida mensurando

A tua teimosia, a tua incompetência de ser melhor

Alma amiga,  guarda agora as tuas lágrimas

Reverte a outros companheiros que como tu

Voltam também com os mesmos estragos

Registrados em seu ser

Aprende a ser melhor e acolhe a tua alma imortal

Acolhendo a outras almas

Que como tu  esqueceram de bendizer a vida

Cresce agora na dimensão que habitas

Há novas chances para ti

Prepara-te para uma nova volta doando-te

Em favor de ti e em favor da vida

Indiscutivelmente imperecível

Sorria ao ajudar a quem foi como tu na terra

Alguém que fugiu dos abençoados compromissos da vida

Através da droga inimiga  e implacável

Que te arrastou ao egoísmo e com os excessos

Te  tragou até as colônias reparadoras

Do mundo que é a tua morada

Do mundo que também é nosso

Da vida viva que nos mostra

Que não agimos certo nas oportunidades

Que Deus um dia nos confiou

Através da bendita lei da reencarnação

Que nos fará voltar outras vezes

Não para reincidirmos, mas para acertarmos

Agindo com amor e pelo amor que recebemos

De Deus na carne e fora dela,

Todos os dias, anos e por todos os séculos

 

                      Castro Alves

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